
Não. Eu não ando sumida, não. Continuo por aqui. Morando no mesmo lugar, trabalhando, saindo e voltando para casa nos horários de sempre, pelos mesmos caminhos de antes. Meu número de telefone continua o mesmo. Logo, diferente do que você me disse há pouco, eu não sumi, não.
Então, se fulana me encontra, você também consegue. Ah, sim! A sumida sou eu. Você falou primeiro. Eu é que “desapareço”, não ligo e nem dou notícias. Não me interesso por saber da sua vida e essas coisas. Pois é. Você sabe. Cuidar da minha própria vida já toma um tempo danado. Imagine cuidar da dos outros também! Compreendo, então, que a sua própria vida também esteja corrida, por isso você também não me liga e nem dá notícias. Então, o correto seria perdoarmos as ausências de cada um. Mas é mais fácil cobrar dos outros as atitudes que tampouco temos, não é mesmo?
É muito mais fácil pedir dos amigos a atenção que nós mesmos não oferecemos. Moleza culpar quem estiver perto pelos crimes que também são nossos.
Verdade é que amizade a gente dá e pronto. Dá sem esperar em troca. Ou simplesmente não dá! Amizade a gente não pede, não compra e não cobra. Quem visita, telefona, manda mensagem e se interessa por alguém deveria fazê-lo só porque isso lhe faz bem. Não porque espera receber o mesmo tratamento em troca. E se a recíproca não é verdadeira, talvez seja porque tem de ser assim mesmo. A amizade não se desenvolveu como deveria: sem cobranças e burocracias. Então, com o tempo ela há de esfriar e acabar naturalmente.
Esse tipo de amizade comovente, que não passa de um acordo bobo do gênero “eu curti a sua foto no facebook, então você curte a minha ou eu não gosto mais de você”, não me interessa. Não tenho fígado para elogios falsos, alegrias simuladas, declarações forçadas. Mentiras. Bobagens.
É assim que é. Se eu sumi, você também o fez.
Agora, se você me dá licença...